
Quais as diferenças entre nascer e se tornar cadeirante?
Sou publicitário, amo a comunicação, mas acima de tudo sou um obcecado em entender a mente humana. É desafiador.
A percepção visual pode falar mais que qualquer palavra. E como a acessibilidade é vista pelos olhos de quem tem menos dificuldades com ela?
É difícil saber. Ainda mais quando concluímos que até quem precisa mais dela, também possui essa dificuldade de compreensão.
Vou explicar:
Como um cadeirante é visto? Alguém que possui necessidades específicas, ok. Mas também alguém que tem sonhos, angústias, receios, enfim, o normal de todo o ser humano.
Se você tiver dificuldades em elencar mais aspectos, não se preocupe. Eu também tenho sérias restrições para entender a mente de cadeirantes, mesmo sendo um deles.
Isso fica bem claro quando analisamos que existe duas possibilidades de se tornar cadeirante:
– Uma má formação ou algo similar, que limitou o caminhar desde o princípio.
– Um fenômeno externo, ou uma doença manifestada depois de determinados anos, que levaram ao uso da cadeira.
Aqui eu escrevo em nomes dos cadeirantes. Mas eu não posso falar por todos. O que nos assemelha são as mesmas necessidades de acesso e oportunidades.
Consigo perceber algumas diferenças bem claras e entender porque certas dificuldades são maiores ou menores dentro desses dois grupos.
Considero muito mais difícil se tornar cadeirante do que nascer um. Quando nascemos cadeirante, o que é o meu caso, nunca se experimentou outra realidade. Ou seja, o sentimento de ausência de algo, é mais ameno.
Claro que há momentos que a vontade de viver esse outro lado existe. E tem que se buscar isso. Mas nascer cadeirante, é igual a quem nasce e aprende a caminhar. A diferença é que andamos junto de rodas.
Já a adaptação de quem sempre caminhou e se obrigou a deixar essa condição, tende a ser muito complicada. Porém, o nome já diz: Adaptação.
É provisório, é temporário. Mais elementos, só estando na pele para sentir.
Entretanto, tudo na vida tem os dois lados. O que é mais fácil para mim, pode ser difícil para você. E vice-versa.
É muito mais frequente observar cadeirantes que mantém uma rotina de vida e isso inclui festas, namoros, etc, na mesma intensidade de quem não é cadeirante, quando eles já estiveram do outro lado. É uma barreira menos adversa. Eles ficaram reconhecidos nesse outro contexto.
Já os cadeirantes de origem, sentem que não é simples essa inserção no mundo “inacessível”. É mais difícil e intimidador. Até às brechas são menores, por eles não terem vivido as experiências que os outros tiveram.
Concluo dizendo que o barato de viver é não saber o dia de amanhã. É sempre estar preparado para todo e qualquer desafio que vier.
Entender a mente humana é profundamente motivador. Aqui a gente não rotula nada. Nem chega a uma certeza. Nosso objetivo é abrir a mente. E refletir.
É o melhor caminho para entendemos a sociedade que vivemos!
Mês que vem conversaremos mais.
Abração!