
#Sextou com S de Só vai
O dia parece que amanheceu meio coisado. A impressão que tive é que o sol acordou dormindo. Meio preguiçoso, sem tanto brilho e só uma bola de fogo. Mudanças climáticas são sempre um bom tema para se começar uma conversa. Ou nesse caso, uma crônica.
Quando o tempo surge como assunto, parece que não há nada mais interessante para falar. A não ser o óbvio… O que estamos vendo do tempo. Se é chuva ou sol, se é nuvens ou as folhas voando pela ventania.
Sempre que venta o mundo se movimenta. Como quem vai roubando espaço e carregando o que tiver pelo caminho. Acho um pouco indelicado da sua parte que fica levantando saias por aí, ou virando guarda-chuvas do avesso, ou fazendo um redemoinhos de sacolas plásticas e poeira como lembrança do lixo largado.
E dependendo da lembrança, ninguém gosta mesmo. Como uma notificação pulando na cara sobre as tarefas adiadas ou procrastinadas. Poxa, vento… Dá um tempo. Seja suave como brisa. Só que, se fosse só brisa, aí seria um marasmo. E qualquer bafo quente seria prenúncio de tempestade.
Por isso, só vai. Dias coisados acontecem. Se até o Sol pode se dar esse direito. Esse sol que bronzeava Agatha Christie nas primaveras de há muito tempo atrás. O mesmo sol que estava brilhando quando inspirou Vitor Kley na sua canção. Que virou uma nota musical e participação em Teletubbies. O sol que atinge o horizonte e marca o início e o fim de um dia. Essa bola de fogo que queima e deixa marcas na pele. Que está sempre ali, mesmo quando não vemos. O sol que reflete na vidraça espelhada do prédio ao lado e cega a sua visão enquanto tenta trabalhar no escritório.
Acho que acontece, mesmo. Eu também estou meio coisada hoje.
Por Krishna Grandi
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